2025/09/30

Dores e Cicatrizes Entre Nós

Há cicatrizes,

discretas,

escondidas,

ninguém imagina,

provas da minha força.


Há cicatrizes

profundas,

um dia doeram,

mas hoje me sustentam,

provas da minha força.


Há cicatrizes

antigas,

vivas,

brilham na memória,

provas da minha força.


Há cicatrizes

indizíveis,

a dois partilhadas,

impossíveis de apagar,

provas da minha força.


Há cicatrizes

só eu senti,

só eu enfrentei,

só eu transformei em luz,

provas da minha força.




Há dores

silenciosas,

secretas,

ninguém as conhece,

segredos do  coração.


Há dores

cabulosas,

queimam

ao coração afligem,

segredos do coração.


Há dores

inesquecíveis,

doloridas,

inextinguíveis,

segredos do coração.


Há dores

inexprimíveis,

a dois sentidas,

incabíveis no peito,

segredos do coração.


Há dores

só eu senti,

só eu sobrevivi,

só eu amadureci,

segredos do meu coração.

Nossa sugestão musical: Diogo Nogueira - Clareou 

Imagem: Pinterest


💔💔💔

2025/09/26

Sung Kim Entre Nós

Passeio Noturno
 

As pedras brilham como espelhos,
recolhem passos, segredos.
A chuva cúmplice não os separa, 
o guarda-chuva é
 abrigo de eternidade.

De mãos dadas caminham
 sonhando acordados,
 cada gota,
uma bênção,
cada reflexo,
uma promessa.

O café aberto convida,
mas eles seguem adiante,
a rua em frente
mostra-lhes o futuro.

A cúpula observa-os do alto,
eles sorriem em silêncio:
Os amores não se perdem,
quando as noites guardam auroras.

O passeio noturno,
é apenas o começo

de um amanhecer partilhado.



Noite fria, lugar ermo, 
dois passantes buscam abrigo, 
o corpo e nas almas enamoradas.

Noite fria, lugar ermo,
cores tênues sem sinal de perigo,
pessoas buscam alento, desconsoladas.

Noite fria, lugar ermo,
Sung reflete seu coração,
sinuosa manifestação em ação.

Noite fria lugar ermo,
buscarão conforto incondicional,
nos bares da vida, tudo tão banal.


Nossa sugestão musical: La Vie En Rose, Édith Piaf




2025/09/20

José Malhoa Entre Nós


O Fado-1910


O Fado

No quarto pobre, paredes gastas,
ecoam cordas, choram baixinho,
canta o homem, a alma arrasta,
a guitarra reflete o seu caminho.

Ela rendida, afasta o cansaço,
olhar perdido, a dor a seduz,
corpo inclinado sem embaraço,
vinda da sombra livre da luz.

Não há riqueza, não há vaidade,
só vinho, canto, vida sofrida,
 no fado existe toda a verdade,
da dor humana, nua, sentida.

Malhoa pintou com cores do povo,
tinta de lágrimas, drama, clamor,
o fado é eterno, antigo e novo,
pincel de mágoa, guitarra e amor.



Escutar toda a saudade do fado,

mesmo estando presente o amado.

Aliviar penas, ouvir dissabores,

eliminar decepções, malmequeres.


Cantar toda a dor da alma, criar

momento de ternura, incentivar.

Imbuir-se do espírito melancólico

sem cair num âmbito diabólico.


Escapar da rotina tão enfadonha,

Malhoa atenua a relação tristonha.

Avançam na alegria devagarzinho,

abolir a fatalidade do ser sozinho.


Ser fadista é dom sem desatino,

viver  a vida, aceitar o destino.

A profecia discreta, saudosista,

bom oráculo até o amor persista.



Nossa sugestão musical: João Villaret Fado Falado


✨🎶✨